quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Reportagem: " As dores e delícias do Ensino Superior".

Entre os meses setembro/outubro-2015 fui convidada para uma entrevista pela repórter Marília Alves Banholzer do NE10. O tema polêmico foi um Especial sobre Educação Superior. Houve alguns destaques enquanto cultura indígena/indigenista, mas como sempre a polêmica das bolsas acadêmicas permanecem devido as oportunidades concedidas aos Programas do Governo atual( Lula e Dilma ). 

Embora muitas distorções e as formas de compreender dos que participam ou veem os processos culturais indígenas e/ou indigenistas(bem diferentes) tem sempre alguém, fora do contexto cultural, que consegue não relacionar a questão indígena ao seu real contexto. 

A curiosidade é a de sempre: " como são os rituais sagrados? Esse ano você vai para o Ouricuri? Você é índia? "Morou quanto tempo na tribo?" "Você continua índia?"[....] Bem, por mais que eu afirme não possuir vínculo com terras e que não pratico rituais sagrados, mesmo possuindo um imenso respeito, e, por mais que eu reafirme que no meu dia a dia não existe nada que me leve a refletir a cultura indígena, tem sempre uma gracinha, do tipo: "você se fantasiaria?" Pintaria o corpo e pousaria numa entrevista?" "Dançaria a dança da chuva"?  "Baixa a Jurema?" "Se você olhar nos olhos de alguém consegue ver algo"? Você tem algum guia?"

Deixo sempre claro que ser indigenista é defender a importância da luta de minhas origens. Sou descendente indígena e tenho orgulho dos meus antepassados, mas não posso usar de barganha ou conveniência uma história passada que teve alteração por diversas situações familiares, sociais e contextos diversos. Costumo falar que não sou a índia que pintam.

Nunca negarei que a cultura me encanta, que sou fascinada pela forma de conhecer a  natureza dos espíritos através dos pajés. Está em mim a essência e a condição de crer na existência dos espíritos do bem que nos encaminham e protegem na vida. E essa condição de crer  também é escolha. Nunca conheci alguém mais espiritualizado do que um Pajé. A sabedoria é milenar e vai passando de geração a geração. Essa escolha tem muito do que aprendi na infância com a minha vozinha: cacique revolucionária dona Mazé, que conseguiu mostrar em meio a tanta dor e situações delicadas sua força enquanto guerreira. 

A entrevista saiu no mês de novembro(não na íntegra tudo que conversamos/curiosidades sobre a cultura, etc;). O foco da entrevista pela repórter Marília foi o Ensino superior, portanto," As dores e as delícias do Ensino Superior"; a quem sou grata por todo  carinho  e respeito durante a entrevista.








Não sei o porquê, mas eu sempre me encontro entre as dores e as delícias da vida....Vai saber!!!